Júlio Bueno
Ontem, segunda-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sociólogo de renome, deu uma longa entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, cujo foco principal foi a apresentação de seu novo livro, voltado a analisar o pensamento dos intelectuais que pensaram e ajudaram a construir o mito brasileiro. De Joaquim Nabuco a Florestan Fernandes. O presidente apontou que hoje, na academia, há uma falta, uma profunda escassez de ensaios, que venham tentar entender o Brasil. Inúmeros foram os autores que no século passado escreveram obras e dedicaram suas carreiras a tentar interpretar o Brasil e pensar propostas para as soluções do país. Vários, entre eles podemos citar: Gilberto Freyre, Oliveira Vianna, Vianna Moog, Paulo Prado, Caio Prado Júnior, no século XIX Joaquim Nabuco, Alberto Torres e Eduardo Prado. A lógica para compreender essa falta de novos ensaios para compreender o Brasil, segundo FHC, se deveria justamente ao fato de finalmente ter se consolidado a identidade brasileira. Logo, subentende-se, primeiro, que essas teses interpretativas estiveram longe de ser neutras, servindo ao propósito político claro, de procurar dar uma "cara" ao Brasil, uma cara que multiforme do Oiapoque ao Chuí, foi sendo pouco a pouco, com o auxilio da mídia, fixada na mente e no espírito de extensa maioria da população luso americana. Nesse sentido, pouco importa se a cara do Brasil é aquela pintada por Paulo Prado em "Retrato do Brasil", negativa e melancólica, ou a de Gilberto Freyre em "Novo Mundo nos Trópicos", exaltada, positiva e ufanista. Em todos os casos é foco a construção do discurso da brasilidade, através da repetição contínua da ideia do país uno e indivisível, com uma cultura padrão de um extremo geográfico a outro, com variações meramente superficiais. Práxis e Teoria não podem andar separadas, já nos ensinaram as cabeças pensante da ideia revolucionária marxista no Século XIX e XX. Nesse sentido, nós separatistas, que para além de nosso amor declarado a nosso torrão natal, o histórico "País dos Paulistas", temos que ter um compromisso dedicado com a milícia da verdade, não nos coadunando jamais com esse determinismo imposto há mais de um século, que tem por propósito destruir a cultura e as tradições do povo de São Paulo. Desconstruir doutrinariamente o mito da nacionalidade brasileira e também da brasilidade é nosso dever, pois é, antes de uma ação de amor a São Paulo e uma incontingência histórica do destino do povo Paulista, uma demonstração de nosso compromisso com a verdade e a razão.
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Julho 2019
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