![]() POR QUE A CONSTITUIÇÃO EM 1932? Júlio Bueno Graduado em História Muitos colocam, e não sem razão, que o Povo Paulista, na excelsa e mui grandiosa epopeia social de 1932, se ergueu pelo Brasil contra uma ditadura brutal, sem fundamento na tradição política (supostamente) conciliadora do Brasil, que arbitrariamente, corria para instaurar neste país uma ditadura fascista ou, mais adequadamente aos moldes iberoamericanos, um caudilhismo barato. Pois bem de maneira "atravessada" isso não está errado. Mas era apenas pela democracia e por livrar o Brasil do caudilho de São Borja que São Paulo pegou em armas? A Revolução de 1932 embora tenha sobre si uma vasta produção bibliográfica, nas últimas décadas vem sendo, taticamente, colocada de lado. E o pior, mesmo entre aqueles que a estudam, muitos não conseguem compreender o elemento mais fundamental de todo o empreendimento revolucionário Paulista: São Paulo lutava por si, na forma de sua AUTONOMIA. A autonomia de São Paulo ficou consolidada dentro do grande pacto federal que foi a Constituição de 1891, pelo que é inadequado não pensar nessa constituição e no próprio regime republicano no Brasil sem falar no espírito de liberdade, autonomia e responsabilidade do povo Paulista. Até 1930 o regime republicano permaneceu sem que os ventos da inveja prevalecessem sobre si. Daquele momento em diante a força da inveja encontrou especial potencial no espírito danoso do falso revolucionarismo dos tenentes e, em especial, do caudilho gaúcho, defensor público de um ódio feroz ao povo e ao Estado de São Paulo. 1932 é o levante de um povo que não sabe ser escravo e que possui a plenitude do espírito cristão, pois mesmo sendo estapeado moralmente pela inveja do Brasil ainda lhe faz constantemente o bem. A autonomia de São Paulo foi o foco da ação final dos Paulistas. Era o que São Paulo queria, pois lhe daria a oportunidade de manter o desenvolvimento de sua vocação histórica e espiritual, que é de ser construtor de um império de empreendedorismo material e de uma raça de gigantes! São Paulo pela constituição por que a lei é a autonomia! Monteiro Lobato, sempre atual, disse: "Com o Brasil se possível for". Eu digo: com o Brasil, se possível fosse. Contra o Brasil por que preciso é!
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![]() Júlio Bueno Graduado em História. A cidade de São Paulo, embora não seja o núcleo inicial e primevo da Civilização Paulista, glória que cabe a São Vicente, logo, poucos anos após sua fundação em 1554, começou a construir uma organização social permeada de um espírito fraterno e, correndo o risco de poder parecer anacrônico e usar uma palavra muito corrente hoje, o espírito dos paulistanos dos primeiros anos era de um irmanamento democrático. Afonso Escragnole de Taunnay em sua obra "São Paulo nos primeiros anos", da década de 1920, registra muito bem, amparado em amplos e bem completos documentos de época, as Atas da Câmara Municipal de São Paulo, aquelas, entre todas as da América portuguesa que melhor ficaram preservadas para a posteridade. A organização social da São Paulo de Piratininga em seu primeiro meio século foi baseada legalmente naquilo que as Ordenações do Reino ditavam, e logo em São Paulo uma Câmara municipal foi colocada pelos paulistanos para deles se servirem e utilizarem, como meio de parlatório e espaço de síntese das questões quotidianas do paulista de então. No início a Câmara era o princípio, a instituição, e não o prédio, que veio depois. Os paulistanos tratavam-se de acomodar-se toscamente em qualquer habitação de um de seus homens bons, e lá resenhavam sobre seus temas: ora a necessidade de se reforçar parte do muro da Vila, que se encontrava com buracos, a maneira de se repartir e distribuir as terras, os tributos e sua arrecadação, enfim, toda a sorte de situações e circunstâncias. Uma questão pode ser levantada: esses paulistanos que deliberavam na Câmara deveriam ser pessoas de grandes posses, cheios de tropas, comerciantes, latifundiários. Hipótese mais equívoca não poderia ser levantada! Os homens bons em São Paulo eram aqueles que haviam, e só. Estes eram agricultores ou mestres de obras e outros afazeres. Uma elitização só veio propriamente se dar mais de um século depois, quando São Paulo voltou-se para si, após a Guerra dos Emboabas, após São Paulo ter recuado o meridiano, ter construído a mais significativa área, em extensão do Império português no mundo e após ter a graça de descobrir a Manoa do Dorado, que sequer para Portugal ficou, mas foi para a Inglaterra, ajudar a financiar a Revolução Industrial. Até índios livres, em expressivo número foram membros da Câmara paulistana! São Paulo construiu dessa maneira para si, desde o início de sua existência uma experimentada elite política, no início fraterna e muito mais democrática do que poderíamos imaginar. Esses primeiros paulistas ainda deixaram-nos os ricos troncos de famílias, cheias do espírito paulista, de conquista, de ordem, hierarquia, de empreendedorismo real e respeito a tradição com democracia. TAUNAY, Afonso d'Escragnolle. São Paulo nos primeiros anos (1554-1601). São Paulo: Editora Paz e Terra, 2003. |
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