Acima: Nicola Sturgeon encara David Cameron - o leão escocês vai rugir.
Para quem pretende ser separatista, uma leitura obrigatória. Traduzo as principais partes: 1) O Partido Nacionalista Escocês (SNP) ganhou 56 das 59 cadeiras escocesas no parlamento inglês. Tinha vencido apenas 6 em 2010. Nem os mais otimistas líderes do partido esperavam um resultado tão bom. Os Partidos Trabalhista e Liberal-Democrata foram praticamente erradicados acima da Muralha de Adriano. Contam com apenas um cadeira cada. A outra é dos Tories. Passaram de 400 mil votos para 1,4 milhão de votos. 2) O SNP SOUBE JOGAR O JOGO QUE O GOVERNO CENTRAL IMPÔS. E isso é importantíssimo. Tiveram pouco mais da metade dos votos totais da Escócia. Levaram 95% das cadeiras. Tiveram cerca de um terço de votos do UKIP (1,4 milhão a 3,8 milhões). Elegeram 55 parlamentares a mais (56 do SNP a 1 do UKIP). Com os resultados obtidos, o SNP será a terceira maior bancada do parlamento... INGLÊS. 3) O SNP substituiu o Partido Trabalhista no controle eleitoral, político e cultural do território escocês. Além disso, há a oposição ideológica aos Tories. O SNP é majoritariamente de centro-esquerda. E o governo de Londres, sob o comando Conservador, é de centro-direita. Westminster diz economize, corte gastos e saia da União Européia. Edimburgo diz gaste mais, acabe com a austeridade e queremos Europa. Um barril de pólvora nas mãos de David Cameron. 4) Os parlamentares escoceses lutarão por maiores pensões, impostos, benefícios sociais e o fim das bases de submarinos nucleares ao norte da fronteira. Tudo que um governo de direita, como o de Cameron, não precisa. Além do mais, são um bloco obediente e coeso: não há nenhum rebelde disposto a confrontar a liderança de Sturgeon. E estarão dentro da casa do inimigo, não gritando lá da fronteira. 5) Apesar da retórica eleitoral de suposta união, isso é a última coisa que o SNP procurará. Toda e qualquer iniciativa do governo de Londres servirá para criar atrito entre ingleses e escoceses. Por exemplo, o SNP rejeitará a ideia de não votar em questões que não atingem os escoceses. O sistema de saúde inglês é um deles. E aí está a questão. Nos governos Trabalhistas de Tony Blair, o controle do sistema de saúde escocês foi devolvido aos escoceses, sem nenhuma interferência inglesa. O mesmo não acontece ao sul da fronteira. Simplificando: os escoceses podem se meter em todos os assuntos ingleses. Os ingleses não podem se meter em boa parte dos assuntos escoceses. É a estratégia da visita incômoda: encher tanto o saco do seu anfitrião até ser expulso. Ao invés dos escoceses liberarem a Escócia, a ideia e irritar os ingleses a ponto da Escócia ser expulsa do Reino Unido. Independentemente de qualquer referendo. 6) Haverá outro referendo de independência na Escócia? Improvável num futuro próximo. Madame Sturgeon é tudo, menos novata no ramo. Os nacionalistas escoceses perderam por 10 pontos no referendo de independência. E, apesar a maciça vitória, o SNP ganhou 'apenas' metade dos votos na Escócia. Referendo novamente apenas quando pelo menos dois terços dos escoceses apoiarem a ideia. Para isso, desgastar a situação com a metrópole londrina é fundamental. O resultado do SNP não é (ainda) um clamor pela liberdade. É muito mais um grito de rebeldia contra os partidos políticos britânicos. 7) Chances de ruptura aumentam em caso de referendo geral sobre a saída da UE. Caso os ingleses votem por sair (tendência atual). E os escoceses para ficar (também a tendência atual). Para conter a ânsia nacionalista e não perder os dedos escoceses, Cameron talvez tenha que entregar alguns anéis para Sturgeon. Como a autonomia total nas questões fiscais. É um jogo que os escoceses só tem a ganhar. E os ingleses a perder. Servirá também para injetar um pouco de responsabilidade fiscal no SNP majoritariamente de esquerda. E ver se realmente a Escócia tem condições de seguir sozinha pelas próprias pernas. Um duro trabalho para a coalizão de nacionalistas, ambientalistas, sociais democratas e socialistas que é o SNP. 8) Inglaterra e Escócia nunca pareceram países tão distintos. Enquanto o primeiro elegeu um governo que corta gastos, preza pela austeridade e é eurocético, o segundo quer o exato oposto: fim dos cortes, fim da austeridade e mais Europa. Fica a lição para nós aqui de São Paulo. Pleito sério pela liberdade paulista chegará quando tivermos todos os deputados da Alesp, o governador, os 3 senadores e pelo menos 95% da nossa representação em Brasília favorável e ABERTAMENTE separatistas. Até lá, é sonhar e trabalhar conscientizando a todos, sem pressa e sem estresse, como aqueles que querem tudo para amanhã. O resto, é mimimi de enganador. Ou 'foguista', que não entende nada de política ou de estratégia militar e quer brincar de Revolução Constitucionalista. Por Luiz Giaconi (Coordenador de Comunicação do MSPI) Fonte: http://www.dailymail.co.uk/news/article-3074139/If-looks-kill-Cameron-faces-deadliest-enemies-Nicola-Sturgeon-yellow-peril-north-border.html
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