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O velho casarão decrépito

5/7/2013

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Artigo de Tiago Bolivar, para a Liga de Defesa Paulista

Há um velho casarão, dos tempos da escravatura, enorme e com aspecto de abandonado, assentado em um lugar bastante belo e verde, de frente para o mar. Sua história merece ser contada.
A construção do casarão foi muitíssimo tumultuada, assim como ocorreu com os outros casarões, casas e casebres ao redor. Chegaram forasteiros, que, logo depois de apossarem-se de terra alheia, passaram a construir o casarão. Não foi uma construção organizada.

Nunca houve uma planta, nunca se viram papéis que orientassem o crescimento daquele edifício. Ele apenas ia crescendo, conforme os donos do lugar sentiam a necessidade de construir novos cômodos. Acontece que o casarão ficou tão imenso, que nele dividiam espaço pessoas de todos os tipos, nem sempre aparentadas entre si. E nele moravam escravos, empregados, parentes dos donos, etc. A família que possuía o casarão, que não era, nem nunca foi, um exemplo de honestidade e bom caráter, resolveu enriquecer ainda mais, aproveitando-se daqueles que habitavam debaixo de seu teto, chamando novos hóspedes para ocupar aposentos vagos, e cobrando de todos taxas abusivas. E com o passar do tempo, os mandos e desmandos dos donos do casarão só faziam aumentar. Os hóspedes sentiram que eram mais prisioneiros que moradores do casarão, e, não tendo para onde fugir, e nem querendo abandonar os aposentos que tinham decorado e organizado às custas de muito suor, muitos tentaram organizar-se em grupos para combater a tirania da família aristocrata. Quando isso acontecia, os capatazes eram chamados para invadir à força os aposentos trancados dos rebeldes, e arrancar deles bens materiais, e espancá-los. Quantos desses hóspedes rebeldes não 'desapareciam' misteriosamente...

Na década de 1960 a família proprietária construiu aposentos novos para si própria, bem no centro do casarão mofado. Fizeram uma ala ultra moderna e se mudaram para lá, de onde vigiavam tudo e controlavam os 'hóspedes' com mão de ferro. Fazer algo por aquela gente, nunca faziam. Os quartos da ala norte, por exemplo, sofriam muito com falta d'água, por problemas no encanamento. A coisa era muito simples de ser resolvida, mas não convinha aos donos do casarão solucionar a vida daqueles habitantes dos quartos da ala norte. Era a ocasião perfeita para aumentar os aluguéis dos quartos da ala sul, sob o pretexto de que o dinheiro seria usado para consertos e melhorias no próprio casarão. Mas não se via melhoria alguma, e os quartos da ala norte continuavam com suas torneiras mais secas do que nunca.

Agora é a hora da ação definitiva, em que todos os hóspedes-prisioneiros, sabedores do real teor de podridão que domina o casarão, desejam se libertar do jugo da família opressora. Tomaram consciência que os aposentos são muito mais seus do que dos aristocratas exploradores, e preparam o dia da liberdade, quando poderão andar com as próprias pernas, cada qual no próprio ritmo, sem dever nada a ninguém, sem estar acorrentado a nada.
Os habitantes da ala sul do casarão estão se organizando rapidamente. Não foi apagada da memória daquelas pessoas a lembrança das tentativas anteriores de se dar um basta à exploração. Antigos ocupantes daqueles cômodos já haviam lutado contra a família opressora lá por volta de 1830-40, e o amigo Paulo ainda mostra as cicatrizes que leva em seu corpo cansado de guerra, quando tentou se libertar em 1932. Mas nada disso amedronta aquelas pessoas. Elas querem morar em uma casa própria, junto com os hóspedes com os quais têm algumas afinidades. Eles estão prontos para reformar aquelas paredes e morar em uma casa menor, mais moderna, limpa, com pintura nova, e com um ar saudável. Estão prontos para fazer essa mudança há séculos, mas a canalhice da família dominadora mantém suas mãos atadas. Não podem fazer nada enquanto estiverem unidos a ela.

Acompanhemos com esperança e alegria a luta sagrada dessas pessoas que moram no casarão velho e mofado. Pois veremos nascer uma habitação nova, que será a jóia dentre todas as outras construções ao redor. A história continua, e está sendo escrita neste exato momento, por todos nós.

ONDE É MAIS FÁCIL VIGIAR OS RATOS? EM UM CASARÃO IMENSO, VELHO E IMUNDO, PELO QUAL NINGUÉM NUTRE SIMPATIA ALGUMA, OU EM UMA CASA MENOR E MODERNA, CUJOS MORADORES TENHAM EMPENHO EM LIMPÁ-LA, ARRUMÁ-LA E ATUALIZÁ-LA PARA O FUTURO?

*Thiago Bolivar é paulista de Indaiatuba e simpatizante do movimento.

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