![]() VINICIUS HENRIQUE SIMÕES Ao longo do tempo, a maneira como o homem foi interpretando, contando e escrevendo a história foi mudando. Na Grécia tivemos Heródoto, conhecido como o pai da história, ali a história era interpretada de forma cíclica (tese de Políbio), ou seja, temos um final e um novo recomeço. Na Idade Média tivemos a leitura cristã de história linear, o começo da história, na criação de Deus, o meio, com nascimento de Cristo e o fim será com a volta do messias. No século XX em resposta a escola positivista, tivemos a Escola dos Annales, que revolucionou a historiografia. Burke a define como ”a revolução francesa da historiografia”. Esse movimento dos Annales pode ser dividido em três fases: De 1920 a 1945 De 1945 a 1968 De 1968 aos nossos dias. Na segunda geração, influenciados pelos marxistas, a Escola dos Annales priorizou a história econômica, também chamada história quantitativa. Olhava e explicava a história somente com estatísticas e gráficos, o que gerou uma grande crítica dos historiadores posteriores, pois se esquece dos fatores culturais e sociais que compõem a história de um povo. Carlo Ginzburg criticava a predominância da história econômica e se dizia que era “desprovida de carne e osso”. Fragozo ressalta um dos equívocos da história econômica: “A partir de tal técnica, por exemplo, Giovanni Levi (1989;97-138) pode demonstrar que os preços em Santena, no século XVII, reproduzidos pelos cartórios da região, não eram determinados pela oferta e procura, e sim pela natureza das relações sociais entre vendedores e compradores fora do mercado”. O leitor pode estar se perguntando, o que isso tem haver com separatismo? Simples, os movimentos separatistas, principalmente no Brasil, quando fundamentam seus motivos pela independência, cometem o mesmo equívoco da Escola dos Annales, ou seja, fazem uma leitura histórica puramente econômica, esquecendo fatores culturais e sociais. Quando falamos do separatismo em São Paulo, por exemplo, quais fatores que nos levam a independência? Nossos impostos não voltam de Brasília, lhe dirá algum separatista, sim, motivo muito nobre, mas não forte o suficiente. Scantimburgo fala que: “Historicamente, há uma civilização e uma cultura paulistas, notadamente, uma civilização paulista”. Scantimburgo vai além, ele fala de um “Espírito Paulista” que é formado pela vinda dos bandeirantes e Jesuítas, os bandeirantes com seu empreendedorismo, coragem, altivez, e os Jesuítas trazendo a fé católica e a cultura dos estudos, então temos a consciente de ter se formado uma civilização paulista, estruturada em valores que são estranhos aos brasileiros. Em 1932, Getulio Vargas já havia convocado constituinte para 1933, mas o povo Paulista que estava com sua honra maculada, se levantou em armas pela autonomia do nosso povo. Isso para mostrar que motivos muito além do econômico movimentaram São Paulo e os separatistas. Podemos concluir que as bases do separatismo são econômicas sim, mas não somente, bem como, sociais e culturais. Demos dois exemplos claros, a empreitada jesuíta, não visava dinheiro, mas sim a evangelização da nova terra, assim como as bandeiras, levar a Fé cristã, explorar a nova terra e levar a civilização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE APOIO BURKE, Peter. A Escola dos Annales, a Revolução Francesa da Historiografia. PARA, Fernando João. Para que serve a história econômica? SCANTIMBURGO, João de. Os Paulistas. *O autor é professor de História e associado do MSPI
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Julho 2019
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